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O Partido Necessário

Os partidos burgueses não podem explicitar o seu caráter de classe sem com isso se colocarem abertamente contra os interesses da classe trabalhadora. Por isso, são obrigados a dissimular constantemente as suas reais intenções se apresentando como os representantes de toda a população.

Mas que os partidos de esquerda hoje se rebaixem a fazer o mesmo, que se abstenham de demarcar a cada momento a linha que cinde a sociedade em burgueses e proletários, de firmar a independência política e de classe dos trabalhadores diante dos partidos burgueses, de reiterar em cada discurso os objetivos históricos do proletariado enquanto classe revolucionária, tal fato é um indicativo iniludível da capitulação desses partidos à ordem dominante. Agindo dessa forma, os partidos de “esquerda”, com o PT à cabeça, cumprem hoje uma importante função para a conservação, legitimação, e defesa do atual sistema político burguês; eles são a oposição consentida da Nova República.

O caráter político que inevitavelmente assume a luta de classes obriga o proletariado a se organizar como partido. O próprio processo de elevação da sua consciência de classe e, no limite, da sua consciência socialista, é o mesmo processo de organização da vanguarda da classe como partido revolucionário. Contudo, as grandes forças do atual sistema partidário brasileiro, da direita à esquerda, obstaculizam qualquer possibilidade de a classe trabalhadora representar-se a si mesma de maneira independente na luta política. Assim, é condição necessária para a formação do partido revolucionário, antes de tudo, um enfrentamento contra as forças políticas que, sob a máscara da esquerda, refreiam essa organização.

É necessário, dessa forma, uma luta prolongada e implacável contra o progressismo, o social-liberalismo, o pós-modernismo, e qualquer outra ideologia ou tendência burguesa no seio dos partidos que detêm influência sobre a classe trabalhadora. Com oportunistas e liberais como seus representantes, a organização dos trabalhadores é impossível. Por isso, diante das velhas novidades requentadas pela ideologia burguesa, reafirmamos o marxismo como a única teoria verdadeiramente revolucionária, a única verdadeiramente capaz de mapear o capitalismo, de abrir ao proletariado o horizonte socialista, e de fornecer a arma da crítica necessária para a sua organização com vistas a esse fim.

Em um momento em que o espectro do comunismo volta a rondar a cena política, seja como pecha infamante proferida pelos políticos reacionários, seja como fetiche incrédulo por parte da esquerda liberal, faz-se necessário uma vez mais que os comunistas exponham abertamente, aos olhos de todos, as suas posições e seus objetivos. E, hoje, as tarefas que os comunistas colocam para si consistem em denunciar a cada passo o oportunismo da esquerda liberal, em desvelar o antagonismo inconciliável entre os trabalhadores e os capitalistas, e em tematizar constantemente a necessidade da classe trabalhadora, diante das inexoráveis lutas contra a exploração capitalista, se organizar enquanto partido revolucionário.

A atualidade histórica da revolução proletária – eis o padrão de medida para todas as tomadas de decisão sobre as nossas tarefas mais imediatas. Colocar a revolução na ordem do dia significa prepará-la desde hoje; significa que as tarefas do presente – a busca ativa de mobilização, organização e politização da classe trabalhadora – tornam-se um problema fundamental da revolução. As tendências e contradições que possibilitam a sua realização futura já se encontram incrustadas no momento presente; cabe a nós identifica-las, desenvolvê-las, fazê-las explodir. Tal como um refluxo da maré está apenas a preparar o próximo avanço, que atuemos decididamente desde já para tornar a nova ascensão da luta de classes o momento decisivo para a grande contraofensiva revolucionária do proletariado.

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