Embora o número total de greves tenha caído desde o início da pandemia no ano passado, a categoria dos rodoviários, sendo serviço essencial, tem representado uma exceção. A queda de receitas das empresas rodoviárias teve como consequência em muitos casos o atraso do pagamento dos trabalhadores, o que tem gerado greves reivindicando os vencimentos em atraso, pauta quase sempre atrelada à demanda por maior segurança sanitária devido à frequente exposição ao contágio da Covid-19 que sofre esta categoria.
Em Ribeirão Preto (SP), mesmo com o fim do prazo das medidas restritivas nesta segunda, os rodoviários seguem em greve. A greve, deflagrada no dia 24 de maio, devido à falta de pagamento do vale mensal que deveria ter sido feita em 20 de maio, completa hoje 15 dias. Uma nova audiência de conciliação está marcada para esta terça-feira.
No Distrito Federal, os rodoviários da empresa Marechal paralisaram as suas atividades nesta manhã, alegando atraso no pagamento do tíquete-refeição e das horas extras de maio. Nesta mesma cidade, os metroviários chegam hoje a quase dois meses de greve contra os descontos ilegais da greve de 2019 que até hoje não foram devolvidos.
No estado do Ceará, completando dois anos sem reajuste salarial, e tendo direitos como o plano de saúde retirados, os rodoviários anunciam greve para esta terça-feira, por meio da qual reivindicam também a inclusão da categoria em grupo prioritário para a vacina contra a Covid-19.
Em Londrina (PR), se não houver acordo, os ônibus deixam de circular a partir desta terça-feira. Entre os pontos de reivindicação estão o reajuste salarial, o pagamento da PPR, a redução da jornada de trabalho. Se a greve ocorrer, será a terceira paralisação neste ano. A primeira ocorreu em janeiro, contra o atraso no pagamento dos salários, e a segunda em abril, pelo atraso no pagamento do vale.
Em Salvador (BA), a greve por reajuste salarial prevista para iniciar nesta segunda-feira foi suspensa após negociação com empresários mediada pelo prefeito. Em Feira de Santana, os rodoviários decidiram dar um voto de confiança para as empresas e, para que a greve não seja deflagrada, exigiram até o fim do dia o pagamento dos salários atrasados.
Devemos toda solidariedade e auxílio aos trabalhadores dos transportes que nesta pandemia tem ocupado a linha de frente na luta de classes.
“Por trás de cada greve aflora a hidra da revolução”. Em cada uma delas se desenvolve nos trabalhadores a consciência de que a luta particular da sua categoria é a mesma luta de toda a classe trabalhadora contra a classe patronal e contra o governo burguês. Nesta verdadeira escola de guerra, que o saldo organizativo dos rodoviários se reverta em força material em uma nova ascensão do movimento operário.